Saúde mental no ambiente de trabalho: diretrizes para um ambiente acolhedor e seguro
8 min | Hays | Artigo | Responsabilidade Social Corporativa
Apesar de a saúde mental no ambiente de trabalho ser um tema que vem ganhando cada vez mais importância, ainda existem trabalhadores inseguros quanto se abrirem para seus gerentes e empresas que não dão total atenção a esta questão.
Para entender um pouco mais sobre como as empresas lidam com a saúde mental de seus funcionários, a Hays entrevistou mais de 26.800 trabalhadores ao redor do mundo. A pesquisa foi realizada antes do Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado anualmente em 10 de outubro.
Pouco mais da metade dos funcionários podem falar abertamente sobre saúde mental no ambiente de trabalho
A pesquisa da Hays concluiu que pouco mais da metade dos entrevistados (51%) podem ser sinceros sobre sua saúde mental no ambiente de trabalho.
Sandra Henke, Diretora Global de Pessoas e Cultura da Hays explica que é amplamente reconhecido que relacionamento com o gerente de linha é mais influente quando se trata do bem-estar de um funcionário. Por isso é preciso que as empresas trabalhem para oferecer um ambiente acolhedor e seguro.
“É preciso fazer mais pelos gerentes a fim de se criar um ambiente em que os trabalhadores sintam-se abertos e vulneráveis para falar sobre saúde mental. Saúde mental no ambiente de trabalho é um tema importante que não deve ser ignorado.”
A diretora também fez questão de trazer à tona os principais desafios que lideranças enfrentam para apoiar seus funcionários em um mundo pós-pandemia, onde prevalecem sistemas de trabalho híbridos.
“Antes da pandemia, o papel de um gerente muitas vezes podia ser considerado unidimensional, pois sua equipe provavelmente estava à frente deles. Agora, muitos funcionários operam em um ambiente de trabalho híbrido. Essa mudança é um grande impacto para organizações e líderes, pois eles precisam considerar como apoiar seus funcionários mesmo quando não estão fisicamente à sua frente.”
15% dos adultos em idade ativa têm transtorno mental, segundo OMS
Com o tema “Tornar a saúde mental e o bem-estar para todos uma prioridade global”, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aproveitou o Dia Mundial da Saúde Mental deste ano para falar sobre boas práticas sobre saúde mental no ambiente de trabalho.
“Todo ano a OMS escolhe um tema para ser abordado no Dia Mundial da Saúde Mental. Este tema é trabalhado tanto em campanhas, como também em pesquisas, projeções e materiais informativos”, explica Sandra.
Em seu recente relatório “Diretrizes sobre saúde mental no trabalho”, a OMS revelou que cerca de 15% dos adultos em idade ativa têm um transtorno mental em qualquer momento. Além disso, estima-se que a depressão e a ansiedade custam US$1 trilhão à economia global. Anualmente, o valor é impulsionado predominantemente pela perda de produtividade.
Diante desse cenário, Sandra compartilha algumas medidas que líderes empresariais podem tomar para identificar um funcionário cuja saúde mental está se deteriorando, bem como o que eles podem fazer para apoiá-lo e tomar medidas preventivas.
Medidas de saúde mental no ambiente de trabalho que todo líder deve pôr em prática
1. Detecte sinais de que alguém está lutando com sua saúde mental
Na opinião de Sandra, apesar de muitas organizações operem em um modelo de trabalho híbrido desde o início da pandemia, grande parte das orientações sobre a interação com os funcionários ainda se aplica aos gerentes que se envolvem pessoalmente com eles.
“Em um modelo de trabalho híbrido, os gerentes devem ajustar seu comportamento para levar isso em consideração. Os sinais não são os mesmos para todos e nem sempre serão claros, caso você não veja alguém com frequência. Porém, alguns sinais muitas vezes indicam que algo está errado. Sinais comuns podem incluir uma mudança de humor ou comportamento, como eles interagem uns com os outros, se um indivíduo se afastou de seu trabalho, falta de motivação ou foco, ou sensação de cansaço ou ansiedade”, explica.
Sandra continuou: “Embora um bom líder seja acessível, muitas pessoas só se sentem à vontade para se abrir com as pessoas mais próximas a elas, se é que há alguém. O vital é que, quando alguém estiver pronto para falar com você, você estará lá para apoiá-lo.”
2. Apoie sua equipe
Segundo Sandra, os gerentes devem saber o que podem fazer em sua posição.
“Líderes empresariais são capazes de fazer escolhas positivas que contribuem para uma boa saúde mental no ambiente de trabalho, mais precisamente em sua equipe. Mas, é preciso haver adesão de todos, o que inclui os gerentes serem bons modelos”.
A diretora da Hays também explica que é preciso que as lideranças certifiquem-se de que os limites esperados sejam correspondidos e que o Dia Mundial da Saúde Mental é uma excelente oportunidade para conscientizar a equipe sobre a importância do assunto.
“Se você vai promover um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal para evitar o esgotamento, dê o exemplo. Reserve um tempo no Dia Mundial da Saúde Mental, ou nas semanas seguintes, para reconhecê-lo e promover a conscientização de maneira significativa”.
3. Incorpore o bem-estar em seus valores como líder
Para Sandra, os líderes empresariais têm o dever de cuidar de seus funcionários e devem tomar medidas para evitar que a saúde mental de sua equipe se deteriore.
Estudos anteriores da Hays revelam que dos mais de 17.000 entrevistados, apenas 28% concordaram que sua organização promovia o bem-estar entre seus funcionários. Por outro lado, 41% negaram que este fosse o caso.
“Pense na cultura positiva que você cria em sua equipe. Certifique-se de que todos estejam envolvidos e se sintam à vontade para se comunicar não apenas com você, mas também entre si. Além de acessível, seja um líder compassivo. Agende conversas individuais regulares para discutir quaisquer problemas que sua equipe esteja enfrentando no trabalho. Organize reuniões de equipe para manter todos conectados e incentive conversas casuais”, orienta Sandra.
“Pense em como você pode promover um ambiente de trabalho saudável para sua equipe, promovendo a comunicação e a inclusão. Certifique-se de que eles saibam que você é acessível e incentive sua organização a oferecer treinamento para que você possa identificar os sinais de esgotamento e mal-estar entre seu pessoal”, concluiu a diretora.
A partir de suas próprias experiências, a Hays descobriu que as iniciativas que não são vistas como “iniciativas de bem-estar” têm o maior impacto. Por exemplo, é muito mais impactante focar nas características fundamentais do local de trabalho e na forma como os indivíduos são tratados no dia-a-dia. É importante que as organizações criem um ambiente aberto e justo para todos, onde as pessoas possam compartilhar a vulnerabilidade.